A
alimentação que se recomenda para as pessoas com diabetes deve incluir
alimentos variados, em quantidades adequadas para alcançar e manter o peso
corpóreo ideal, evitar o aumento de glicemia, do colesterol e de outras
gorduras no sangue, além de prevenir complicações, contribuindo para o bem
estar e a qualidade de vida.
Para
atingir esses objetivos, é necessário consumir diariamente e na medida certa
para cada pessoa:
Alimentos
Energéticos: Fontes de carboidratos complexos (pães, cereais, massas e raízes).
Alimentos
Reguladores: Fontes de carboidratos, vitaminas, minerais e fibras (verduras,
legumes e frutas).
Alimentos
Construtores: Fontes de proteínas e cálcio (leite e derivados) e proteínas e
ferro (carnes magras, ovos, feijões).
Uma boa dica para todas as pessoas é incluir,
em cada refeição, alimentos dos três grupos. É importante que se diga que o
plano alimentar atualmente recomendado às pessoas com diabetes, de forma geral,
é o mesmo que orienta a alimentação de quem não tem diabetes.
Recomenda-se que as pessoas com diabetes evitem
açúcares, doces, pães, farinhas e massas em excesso, bem como bebidas com
açúcar ou alcoólicas. Entretanto, pessoas cujo diabetes esteja bem controlado,
peso adequado, e seguem um tratamento intensivo e contagem de carboidratos,
podem até usar pequenas quantidades de açúcares junto com refeições
equilibradas.
Para tanto, é indispensável conversar com o
nutricionista, que poderá orientar o planejamento alimentar com a contagem dos
carboidratos e com o médico que irá prescrever o tipo e dosagem de insulina
adequada, quando necessária.
Dúvidas mais comuns sobre alimentação e
diabetes:
É verdade que o mel também faz subir a
glicemia?
Sim! O mel também contém sacarose, além de
outros tipos de açúcar (frutose e glicose), sendo desaconselhado o seu uso
generalizado como substituto do açúcar comum. Em excesso o mel, assim como o
açúcar cristal, mascavo ou demerara, também engorda e faz subir o açúcar no
sangue.
O pão de glúten, centeio ou integral, as
bolachas salgadas e as torradas podem ser usadas à vontade?
Não! Como qualquer outro tipo de pão, eles
contêm amido que se transformará em açúcar no sangue, não podendo ser usados à
vontade. Podem ser consumidos de maneira moderada, assim como o pão comum.
Ressalte-se que o pão torrado e os biscoitos de água e sal têm seu amido
transformado em açúcar mais rápido que o pão fresco, ou seja, fazem subir a
glicemia mais rápido que os pães não torrados. Pães ricos em fibras, como os de
aveia, trigo integral e centeio são os mais indicados, mas não podem ser
consumidos em excesso.
A pessoa que tem diabetes pode comer macarrão
(massas em geral) ou pão fresco?
Sim! Estes alimentos têm composição semelhante
ao arroz e podem ser consumidos, desde que em quantidades não excessivas e em
refeições mistas, complementadas com alimentos ricos em proteínas (como as
carnes magras, peixes e aves; as leguminosas, como soja, feijão, lentilha, grão
de bico, ou ovos) e ricos em fibras (como as hortaliças cruas e cozidas).
Sempre que possível, deve-se dar preferência às massas e pães integrais, assim
como arroz integral (os cereais integrais e seus derivados contêm fibras, que dentre
outros efeitos benéficos retardam a passagem de glicose derivada da digestão do
amido para o sangue. Massas, pães integrais e arroz integral podem ser
substituídos por outros cereais integrais, como aveia ou milho ou ainda por
raízes como cará, mandioca, batata ou inhame). Leia mais
Aprenda quais são os alimentos tóxicos, muitos alimentos são tidos como saudáveis mas na verdade, apenas ajudam a Doença a Piorar dia após dia...
Os produtos dietéticos (alimentos “diet” ou
“light”) podem ser usados à vontade?
Não! Alguns produtos dietéticos não contêm
açúcar, outros contêm. Alguns, como os chocolates dietéticos, mesmo não
contendo açúcar são desaconselhados para quem precisa emagrecer, pelo alto
valor calórico. É importante sempre ler os rótulos dos produtos com muita
atenção para saber se eles contêm ou não açúcar, qual a quantidade de
carboidratos que contêm e qual seu valor calórico. (Um chocolate normal tem
entre 440 e 550 calorias em 100 gramas; um chocolate “diet” de 100 gramas tem
cerca de 530 calorias).
Todas as frutas são permitidas para as pessoas
com diabetes?
Sim! As frutas contêm o açúcar natural, mas não
prejudicam a saúde da pessoa que tem diabetes, desde que usadas em quantidades
adequadas. Isso significa que uma criança poderá ingerir cerca de 3 frutas por
dia; um adolescente ativo ou uma gestante, até 4 frutas; um adulto magro entre
2 e 4 frutas, dependendo de sua atividade física; e um obeso poderá ter seu
limite fixado em 2 frutas ao dia. É importante lembrar que as frutas devem ser
de tamanho pequeno ou médio e devem ser consumidas com casca e bagaço, sempre
que possível. Vale destacar, também, que algumas frutas (como a uva, o caqui, a
manga, e a banana nanica) têm mais açúcar que outras, o que não proíbe o consumo, mas indica a necessidade de
controlar o tamanho da porção a ser ingerida. O abacate, por sua vez, quase não
tem açúcar e é muito rico em um tipo de gordura que aumenta o bom colesterol,
mas tem um valor calórico muito alto, o que recomenda consumo em quantidade
pequena pelas pessoas com excesso de peso.
As carnes, ovos e queijos não contêm açúcar.
Podem, então, ser usados à vontade?
Não! Carnes, ovos e queijos não contêm açúcar,
mas possuem proteínas que, em excesso, também alteram a glicemia e
sobrecarregam os rins. Esses alimentos também têm gorduras saturadas e
colesterol que, em excesso, podem comprometer o sistema cardiovascular de quem
tem diabetes e levar às complicações crônicas (pressão alta, doença renal, ou
doenças cardíacas).
O leite e o iogurte devem ser consumidos pela
pessoa que tem diabetes?
Sim! Leite e iogurte são alimentos fontes de
proteínas e de cálcio, importantes não só para o crescimento da criança, como
para a boa formação dos ossos do adolescente e para evitar perdas ósseas no
adulto e idoso. Recomenda-se para o adulto a ingestão de 2 a 3 porções desses
alimentos, diariamente. Gestantes, nutrizes e crianças pequenas podem precisar
de 3 a 4 porções diárias. Para crianças até os 12 anos de idade, recomenda-se
leite integral. Para os adultos leite desnatado. Uma observação que vale a pena
ser feita é que o leite contém, naturalmente, um açúcar (a lactose) que também
eleva a glicemia. Portanto, o leite também não pode ser ingerido em excesso,
mesmo que desnatado. O iogurte também contem lactose, ainda que em menor
quantidade. Já o queijo não a contem, sendo um bom substituto do leite, desde
que branco ou magro (uma fatia grossa substituindo um copo de leite).
Feijão faz bem para quem tem diabetes?
Sim! O feijão é um alimento rico em proteínas
vegetais, amido e fibras, substâncias importantes para a saúde das pessoas com
diabetes. O excesso de feijão, assim como de qualquer outro alimento, deve ser
evitado. O efeito da mistura arroz-feijão sobre a glicemia é melhor que o arroz
sem feijão (ou seja, a mistura arroz-feijão faz subir menos o açúcar no sangue
que o arroz puro). Se a refeição for complementada com verduras cruas e cozidas
e carne magra, melhor ainda!
Conheça o Programa Diabete Controlada
É verdade que tudo que nasce embaixo da terra
(cenoura, beterraba, mandioca e batata) aumenta a glicemia?
Não! Essas raízes contêm carboidratos, que se
transformam em açúcar (glicose) em nosso organismo. Mas isso não quer dizer que
não possam ser utilizados pela pessoa com diabetes. A cenoura e a beterraba
podem ser usadas para variar as saladas mistas, cruas ou cozidas (1 pires dos
de chá por refeição). Já a batata, a mandioca, o cará e o inhame devem ser
utilizados no lugar do arroz ou do macarrão, em quantidades não excessivas.
Para saber a quantidade adequada para cada pessoa, avaliação e cálculos
individualizados são necessários. Se seu peso e sua glicemia estão adequados,
provavelmente as quantidades que você ingere estão corretas.
Quem tem diabetes pode consumir bebidas
alcóolicas?
Depende! Alguns estudos sugerem que bebidas
alcóolicas, usadas com moderação (1 a 2 taças de vinho por dia) fazem bem para
o coração. Entretanto, vale ressaltar que bebidas alcóolicas são ricas em
calorias, provenientes do álcool e do açúcar que algumas contêm. Isso faz que
não sejam recomendadas para pessoas com excesso de peso. Por outro lado, o
álcool pode provocar efeitos adversos quando combinado com alguns
hipoglicemiantes orais. Também pode provocar hipoglicemia, mesmo que a pessoa
não faça uso de insulina ou medicação oral, aumento do triglicérides no sangue
e agravamento de várias complicações do diabetes. Logo, seu uso deve ser bem
orientado pelo médico e pelo nutricionista.
Existem planos alimentares para diferentes faixas
etárias (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes)?
A alimentação de crianças, adolescentes,
adultos, idosos e gestantes, diabéticos ou
não, deve seguir planos diferenciados para atender as necessidades do
crescimento, do envelhecimento ou da gestação. Os planos alimentares devem ser
diferenciados pela idade ou estado fisiológico, mas as orientações gerais
relativas ao diabetes são válidas para todos. É claro que quanto mais
vulnerável o estado fisiológico, maior a necessidade de individualização do
plano alimentar para a pessoa com diabetes.
Por que o consumo de gorduras deve ser
controlado?
Gorduras devem ser utilizadas com moderação
porque contribuem para o aumento de peso e para o aumento das gorduras do
sangue (colesterol e triglicérides), agravando o risco de aterosclerose e
doenças do coração. É bom esclarecer que nem todas as gorduras são igualmente
perigosas. As mais prejudiciais são as de origem animal: carnes gordurosas,
gema de ovo, banha de porco, toucinho, bacon, manteiga, creme de leite,
maionese, ricas em colesterol ou nas chamadas gorduras saturadas, que aumentam
a produção do colesterol em nosso organismo. As gorduras vegetais, como os
óleos de milho, girassol, arroz e soja não contêm colesterol. Além disso, essas
gorduras são insaturadas, o que contribui para evitar a aterosclerose. O azeite
de oliva, óleo de canola e as gorduras dos peixes, por sua vez, ricos nos
chamados ácidos graxos ômega 3 até ajudam a diminuir o colesterol total. Leia mais
O azeite de dendê, o leite de coco e a gordura
de coco são exemplos de gorduras vegetais saturadas, que aumentam o colesterol
do sangue. As margarinas vegetais, em grande parte dos casos, são quase tão
prejudiciais quanto a manteiga, pois se tornam saturadas no processo de
hidrogenação. Há exceções, as margarinas cremosas pouco hidrogenadas (mais
moles ou menos firmes que a maioria), produzidas com óleos insaturados, e em
alguns casos enriquecidas com ômega 3. Todas as gorduras e óleos, se usados em
excesso, engordam!
Conheça o Programa Diabete Controlada
Para uma dieta balanceada e personalizada,
consulte o médico endocrinologista e/ou nutricionista.
Fonte: Revista do Centro BD de Educação em
Diabetes – www.bdbomdia.com
Nutricionista: Denise Giacomo da Motta –
Professora do Curso de Nutrição da
Universidade Metodista de Piracicaba e membro da Sociedade Brasileira de
Diabetes.
Nenhum comentário :
Postar um comentário