Em razão das conclusões dos especialistas, o governo
francês estuda atualmente a proibição de próteses mamárias no país.
Os pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (INC)
da França revelaram a existência de uma nova doença, o "linfoma anaplásico
de grandes células associado a um implante mamário (LAGC-AIM)" e propõe
que esse tipo de câncer seja incluído na classificação de doenças da
Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Existe uma relação claramente estabelecida
entre o surgimento dessa doença e o uso de um implante mamário", diz o
relatório do instituto francês. "Esse tipo de câncer não foi diagnosticado
em nenhuma mulher sem próteses nos seios."
Os oncologistas franceses estimam que o risco desse
linfoma nas mulheres com implantes mamários é 200 vezes maior do que na população
feminina em geral.
Eles ressaltam, no entanto, que a frequência dessa
complicação médica é muito baixa. Desde 2011, apenas 18 mulheres desenvolveram
esse tipo de câncer na França (uma delas já morreu), segundo o INC.
Vigilância
O estudo foi realizado a pedido das autoridades
francesas da área de saúde após o rápido aumento de casos desse tipo de câncer
em um período relativamente curto.
Apesar do número de pessoas afetadas ainda ser bem
limitado, o que preocupa as autoridades é a velocidade da progressão: o total
de novos casos passou de dois em 2012 para 11 no ano passado.
A ministra da Saúde, Marisol Touraine, declarou
nesta terça-feira que as mulheres com implantes nos seios "não precisam
retirá-los" e nem devem ficar "excessivamente preocupadas".
"Nossa vigilância é total", disse a
ministra, acrescentando que nenhuma marca de prótese mamária está sendo visada
especificamente em relação à descoberta desse novo tumor.
Touraine também afirmou que as informações às
mulheres que desejam colocar implantes nos seios será reforçada.
Alerta obrigatório
A Agência Nacional de Segurança do Medicamento
(ANSM) da França já anunciou que as mulheres que desejam colocar próteses nos
seios deverão ser "obrigatoriamente alertadas sobre esse novo risco,
apesar de ele ser baixo", afirmou, em entrevista ao jornal Le Parisien,
François Hébert, diretor-geral adjunto da agência.
Segundo ele, documentos informativos e alertas
sobre a questão já foram enviados aos médicos do país.
"Se for necessário proibir os implantes, nós o
faremos", disse o diretor da ANSM.
A agência francesa realizará uma reunião com
especialistas até o final deste mês para decidir sobre o assunto. A eventual
proibição das próteses dependerá das conclusões dos pesquisadores.
"Os sinais são convincentes. Os casos
aumentam. Estamos trocando informações com a FDA (Food and Drugs
Administration) americana", afirma o professor Benoît Vallet,
diretor-geral da Saúde, que determina as políticas públicas francesas na área.
"Os profissionais da saúde devem ficar muito
mais vigilantes diante desse risco. As mulheres que usam próteses devem ser
examinadas por um médico todos os anos."
Escândalo
A descoberta de novos riscos envolvendo próteses
mamárias ocorre apenas cinco anos após o escândalo das próteses da marca
francesa PIP, que chocou o país.
Elas eram fabricadas com um gel de silicone não
autorizado para fins médicos e que continha aditivos de combustível não
testados para uso clínico.
A PIP era o terceiro maior fabricante mundial de
próteses mamárias e exportava para inúmeros países, incluindo o Brasil.
Segundo a ANSM, cerca de 400 mil mulheres na França
têm próteses nos seios, sendo 80% delas por motivos estéticos.
Fonte: BBC
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